Segundo consultores e empresários, desafio é encontrar profissionais qualificados.
LIGIA GUIMARÃES
O ano de 2011 será de boas perspectivas para os profissionais da engenharia: segundo especialistas em recrutamento e recursos humanos ouvidos pelo G1, eles estarão entre os profissionais mais disputados no mercado de trabalho este ano.
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O ano de 2011 será de boas perspectivas para os profissionais da engenharia: segundo especialistas em recrutamento e recursos humanos ouvidos pelo G1, eles estarão entre os profissionais mais disputados no mercado de trabalho este ano.
As oportunidades, no entanto, não se limitam à categoria de Engenharia Civil: a expectativa é de que outros setores expandam a oferta de vagas em relação ao ano passado em diversos níveis de atuação.
O crescimento de setores como os de construção civil, tecnologia e indústria automotiva - motivado pela economia aquecida - impulsiona a demanda por trabalhadores e a abertura de postos de trabalho.
O caminho para ser contratado é investir no currículo: a falta de profissionais qualificados é um dos principais entraves no relacionamento entre as empresas e os candidatos à contratação.
1 - Obra qualificada
Segundo a gerente de consultoria da Manager Assessoria em Recursos Humanos, Neli Barboza, a procura por engenheiros correspondeu a 36% do total das vagas oferecidas em só 2007. Imaginem em 2010 !
Para ela, os projetos relacionados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo governo e o ‘boom’ observado no mercado imobiliário nos últimos anos contribuem para tanta procura.
"A demanda vem de setores que até pouco tempo estavam adormecidos e se aqueceram. Tanto que os engenheiros saíam da faculdade com oportunidades limitadas e acabavam indo para o setor financeiro ou para indústrias específicas”, diz a executiva, que destaca a expansão dos setores industrial e de construção civil.
Na avaliação da gerente do grupo Foco, Ione Silvah, construtoras e incorporadoras são alguns dos segmentos com mais dificuldades para encontrar funcionários com o perfil ideal. "É um setor que não formou profissionais, ficou abandonado por muito tempo", diz.
Na construção civil, o desafio é encontrar engenheiros que coloquem a 'mão na massa' nas obras, mas também tenham capacidade de liderar pessoas. "Já vi mestre-de-obras com salário de R$ 5 mil. Em vez do profissional semi-analfabeto, as empresas procuram um engenheiro muito mais operacional", diz.
A tendência é confirmada pelos empresários do setor. "Hoje existe falta de engenheiro no mercado, quem tem qualificação está valorizado. O que vai ocorrer agora é que vai ter muita gente com salários melhores, perspectivas melhores", diz o presidente da construtora Azevedo & Travassos, Renato Mendes, que atua em obras de infra-estrutura, como estradas, pontes e gasodutos e faturou R$ 150 milhões em 2007.
2 - Be-a-bá
A busca por profissionais qualificados não é só das empresas contratantes: os próprios clientes e fornecedores elevaram os padrões de qualidade profissional exigidos na hora de fechar negócio.
"Está difícil encontrar pessoas para preencher cargos de gerência para cima", diz o presidente da Curriculum.com.br, Marcelo Abrileri. "Com a economia boa, pessoas qualificadas têm emprego para escolher", afirma.
Para Renato Mendes, da Azevedo & Travassos, todo cuidado é pouco.
“A gente não pode contratar funcionários analfabetos porque os clientes não aceitam. Todos os funcionários, desde o ajudante até o operador de sonda, todos têm que ter pelo menos nível médio”, explica o executivo.
A dificuldade para encontrar pessoas que aliem experiência e conhecimento teórico é tanta que, para não ter que dispensar funcionários com pouco ou nenhum estudo, a construtora abriu escolas nas próprias obras a partir de convênios com instituições de ensino. As aulas reúnem alunos de 20 a 60 anos, segundo Mendes.
Além disso, a empresa aposta no treinamento de profissionais recém-formados ou ainda em fase de graduação, como aconteceu com o engenheiro mecânico Eduardo Roos, que entrou como estagiário na Azevedo em 2002, e hoje, aos 27 anos, é engenheiro residente. Roos, que chegou a deixar o emprego por um ano para viajar depois da formatura, foi recontratado assim que pisou em solo brasileiro novamente.
“O fato de eu já conhecer a empresa e ser especializado foi fundamental para eles me recontratarem. Existem poucos profissionais com experiência nesse ramo e quem tem já está trabalhando”, diz.
3 - Mais vagas
A insatisfação com o nível técnico dos candidatos também atinge outros setores que devem oferecer muitas vagas em 2008, como o de tecnologia. A Datasul, empresa que desenvolve softwares e soluções tecnológicas de gestão empresarial, criou academias próprias de formação de consultores para combater a escassez.
No ano passado, mais de cem pessoas concluíram os cursos ministrados por profissionais da companhia catarinense e, se não foram contratadas, passaram a fazer parte do banco de talentos da Datasul - acessível também a clientes e parceiros.
"Dependendo da performance, o aluno já vai sendo direcionado e sai com emprego garantido, se tiver boas avaliações", diz o gerente de Recursos Humanos da empresa, Giovanni Coradin. Em 2008, a busca continua: a Datasul deve contratar cerca de 300 pessoas.
O esforço no aprendizado faz diferença: o analista de negócios Charles Bonan, 30 anos, começou na empresa em 2005 e fez toda a série de cursos oferecidos pela empresa, sem custos.
Do início da carreira até hoje, ele diz que teve uma valorização de 200% no salário e muitas outras propostas de trabalho. "Para quem tem preparação, o mercado tem bastante oportunidade".
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